O presidente do Comitê Executivo de Fruticultura do Rio Grande do Norte (Coex-RN), Fábio Queiroga, disse que as exportações do melão potiguar podem triplicar em três anos, caso seja viabilizada uma nova rota marítima direta entre o Nordeste e a China, reduzindo o tempo de viagem atual de 50 para 30 dias.
“No ano passado, nós fomos o maior exportador de frutas do Brasil, o melão de Mossoró ficou em primeiro lugar no ranking nacional”, destacou Queiroga. Segundo ele, a fruta da região se diferencia por ser cultivada em área livre da mosca das frutas, praga que impede o acesso a mercados exigentes como China e Estados Unidos.
“O melão de Mossoró tem um selo de edificação geográfica, reconhecido em todo o planeta pela qualidade, segurança alimentar e pelas características que conseguimos colocar no processo produtivo”, explicou.
O dirigente lembrou que, apesar da habilitação para exportação ao mercado chinês existir desde antes da pandemia, as vendas comerciais ainda não avançaram.
“Tudo quanto foi feito foram testes, alguns embarques aéreos, alguns embarques marítimos. Então, praticamente a comercialização com a China está estagnada e nós estamos focados no mercado europeu, norte-americano e um pouco do mercado do Oriente Médio, enquanto essa questão logística não é resolvida”, afirmou.
De acordo com Queiroga, o principal obstáculo é a falta de uma linha marítima direta saindo dos portos de Natal ou Fortaleza para a China. “Hoje o serviço sai de São Paulo, com um trânsito superior a 50 dias. Isso porque os navios fazem escalas na Índia, no Sri Lanka e só então chegam à China. Precisamos de um navio dedicado que saia do nosso porto e só pare na China, o que faria a viagem em 30 dias, como já fazemos com sucesso na Rússia”, disse. Queiroga também citou a dificuldade de contratação de trabalhadores formais no campo.
Para ampliar o mercado e reduzir a dependência da Europa, foi realizado em março o Workshop Melão Brasil-China, em Mossoró, reunindo representantes do setor produtivo, logístico, do Ministério da Agricultura, da Associação Brasileira de Fruticultura e da ApexBrasil. “Chegamos a um nível na comunidade europeia em que brigamos por preço, e isso não é saudável”, relatou.
Entre os próximos passos, está a participação do Coex no “Frutas do Brasil – Festival China 2025”, de 12 a 19 de maio, em Xangai. A comitiva potiguar terá a presença do prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra (União Brasil). “A participação do prefeito é muito importante porque, através dele, queremos fazer com que todo o cenário político do Brasil, em especial do Rio Grande do Norte, deem as mãos para que a gente possa vencer essas limitações e fazer a coisa acontecer”, afirmou.
Queiroga concluiu: “Estamos há quatro anos com essa habilitação e precisamos acordar esse gigante adormecido. Ou a gente exporta esse ano ou fatalmente iremos perder essa acreditação, porque existem outros segmentos de fruta pleiteando esse espaço na negociação Brasil-China.”