Excesso de tecnologia durante a infância afeta a saúde mental, alertam especialistas
Nos tempos atuais, o avanço tecnológico trouxe inúmeras vantagens, mas também levanta preocupações sobre os impactos que o excesso de tecnologia pode causar na infância e adolescência. Especialistas alertam para os riscos envolvidos nesse cenário, destacando os malefícios que podem resultar do uso indiscriminado de dispositivos eletrônicos.
A psicóloga Eveline Ribeiro explica os perigos reais relacionados ao uso descontrolado da tecnologia. Ela ressalta que “os efeitos negativos abrangem uma variedade de aspectos, afetando desde a saúde mental até o desenvolvimento cognitivo e social dos jovens”, disse.
Um dos principais problemas associados ao uso excessivo de dispositivos eletrônicos é o aumento dos transtornos de ansiedade e depressão. Esse fenômeno é explicado pela sobrecarga do neurotransmissor dopamina no sistema neurológico, o que pode levar a alterações cerebrais e sintomas psicológicos graves. Além disso, a relação com as mídias sociais pode intensificar questões relacionadas à autoimagem, padrões de consumo e exposição excessiva, contribuindo para problemas psicológicos.
Outros malefícios destacados incluem comportamentos sedentários, reduzida exploração do ambiente e impacto negativo no desempenho escolar. “O uso de smartphones em ambiente escolar tem sido uma preocupação global, com países como França, Holanda, Bélgica, Espanha e Reino Unido proibindo seu uso nas instituições de ensino. A presença constante do celular mesmo quando não está sendo utilizado diretamente também pode prejudicar a concentração e produtividade”, explicou.
O impacto no desenvolvimento neurológico das gerações mais jovens é outra área preocupante. O neurocientista Michel Desmurget observou que a geração atual apresenta um QI inferior à geração anterior, sugerindo que os dispositivos digitais podem estar afetando negativamente a inteligência. Além disso, o aumento dos casos de miopia tem sido associado ao uso prolongado de telas.
Para reverter essa questão, Eveline Ribeiro enfatizou a importância da orientação e supervisão sobre o uso consciente da tecnologia. “Famílias, escolas e sociedade devem buscar conhecimento para proporcionar um ambiente seguro e equilibrado em relação às telas. No entanto, isso não implica uma completa exclusão das tecnologias, mas sim um uso consciente e moderado”, aponta.
Em relação ao tempo ideal para o uso de dispositivos eletrônicos, as recomendações da Sociedade Brasileira de Pediatria são claras. Bebês (0-2 anos) não devem ter acesso às telas, crianças de 2 a 5 anos podem usar por até 1 hora diariamente, de 6 a 10 anos o limite é de 2 horas e de 11 a 18 anos o tempo aumenta para até 3 horas por dia. A psicóloga destacou que essas diretrizes podem ser difíceis de seguir, mas a participação e empenho das famílias são essenciais para o sucesso.
Quanto à idade para criar perfis em redes sociais, a especialista mencionou que “as redes geralmente proíbem o acesso para menores de 13 anos. No entanto, a decisão deve ser tomada considerando a necessidade real e a maturidade da criança. Orientações claras sobre segurança online e comportamento ético são cruciais para um uso saudável e responsável”, destacou.
Fonte: Novo Notícias.